Esse vídeo da professora Amanda Gurgel, residente na capital do Estado, foi motivo de muito debate e reflexão no país durante essa semana acerca das políticas educacionais, e em especial, da política salarial do professor. É, portanto, um material que deve ser visto e analisado pelos alunos do curso de pedagogia, para dele tirar encaminhamentos discussivos em salas de aulas. Não basta apenas que levemos as discussões para as bases salariais, mas para a qualidade da educação que estamos produzindo.
É indiscutível que a política salarial do magistério em nosso país é vergonhosa, mas mais vergonhoso ainda, são os resultados produzidos pela educação nacional. E em especial o número de analfabetos, para termos uma ideia, segundo dados do IBGE (1996), o número de analfabetos no Brasil no ano de 2001 era de 16.294.889. Nesse sentido, é importante também, analisarmos os dados de evasão e repetência das duas regiões brasileiras de maiores percentuais, no Norte, 27,3%; Nordeste, 27,5%.
Quanto à questão da distorção idade/série, em 2001, dados do IBGE, na 5ª série, 50% dos alunos matriculados estavam em distorção idade/série, o que representaria dizer que apenas metade dos alunos matriculados na 5ª série no Brasil, estavam em idade certa para cursar a série, entre 10 e 11 anos; e podemor ir mais longe em nossa análise, na 8ª série, no mesmo ano, 45,7%; na 1ª série do ensino médio, 5,8% e na 3ª série, 50,8%.
Diante desses números, é muito importante que os nossos governantes considerem o grito de socorro da professora Amanda Gurgel, que faz em nome da escola pública, e nós enquanto estudantes do curso de pedagogia e professores, que possamos refletir e analisar até onde estamos contribuindo para que esses dados vergonhosos mostrem o resultado de nosso trabalho. Será que todos esses dados negativos se justificam pela questão salarial?
E por fim, a remuneração dos professores, além de ser muito baixa, registra claramente as desigualdades regionais, não havendo um piso nacional que seja realmente cumprido e respeitado, tampouco uma carreira unitária docente, ficando os professores a mercê dos condicionantes econômicos das regiões, Estados e municípios. Os docentes do Nordeste, em todos os níveis, têm os menores salários, conforme tabela que segue:
Unidade da Federação | Salário Médio dos Docentes (em R$) |
Total | Educação Básica |
Infantil | Ensino Fundamental | Ensino Médio |
1ª a 4ª | 5ª a 8ª |
Brasil | 529,92 | 419,48 | 425,60 | 605,41 | 700,19 |
Norte | 456,52 | 322,01 | 360,77 | 586,37 | 735,46 |
Nordeste | 297,18 | 195,00 | 231,17 | 372,41 | 507,82 |
Sudeste | 686,31 | 587,00 | 613,97 | 738,57 | 772,09 |
Sul | 558,98 | 464,96 | 460,12 | 594,44 | 683,03 |
Centro-Oeste | 573,76 | 573,64 | 447,55 | 584,20 | 701,79 |
Fonte: MEC/INEP
As escolas também não oferecem boas condições físicas e tampouco estão aparelhadas para o trabalho escolar. em 2001, 44,4% dos alunos do ensino fundamental não tinha acesso à biblioteca e 62,4% a quadras de esportes.